terça-feira, 24 de julho de 2012

Resenha: Kids on the Slope (Sakamichi no Apollon)


 

Escrevi um post de primeiras impressões sobre este anime. Leia aqui.

Kids on the Slope, ou Sakamichi no Apollon, é um anime muito antecipado por ser a reunião da compositora Yoko Kanno com o diretor Shinichiro Watanabe, dupla responsável pelo clássico Cowboy Bebop.

Bem, o anime se passa em 1966 e conta a história de Kaoru Nishimi, que, por causa do trabalho de seu pai, se muda para a casa de parentes em Kyushu (terceira maior ilha do Japão, e a mais para o sul das 4 grandes). Logo no primeiro dia, ele acaba conhecendo o bad boy de sua turma, Sentaro Kawabuchi e descobrindo que este é um baterista de jazz. Ele também conhece Ritsuko Mukae, a simpática presidente da classe que é amig a de infância de Sentaro. Ritsuko e Kaoru se tornam amigos e ela o convida para acompanhá-la até sua casa, já que ele procurava discos de música clássica, pois Kaoru toca o piano, e a família de Ritsuko é dona de uma loja de discos. Chegando lá, Ritsuko convida Kaoru para um tipo de estúdio situado no porão da loja. Lá eles encontram Sentaro solando na bateria e Kaoru fica impressionado. Após Sentaro dizer que um garoto riquinho como ele só conseguiria tocar música clássica e não teria a "alma" para tocar jazz, Kaoru vai embora levando um disco de jazz para casa.


A qualidade da parte visual é ótima. A animação e os cenários são excelentes.  Dá para notar a atenção dada a isso no bom uso de CG nos closes nas mãos e braços quando os instrumentos estão sendo tocados. A trilha sonora cumpre o que se espera da Kanno, com músicas de fundo costumeiras misturadas com muito jazz, inclusive o tocado pelos protagonistas. Os temas de abertura e encerramento são ambos bem interessantes. Diferentes do normal dos animes.


O Kaoru é um garoto de família rica e mudanças de cidade como a do começo do anime não são novidade para ele. Por isso ele cresceu sem amigos. No começo do episódio ele, que é um aluno com ótimas notas, mostra ter um estilo meio Holden do Apanhador no Campo de Centeio (ou Kyon de Haruhi, para os otakus). Mas rapidamente ele perde a chatice e vira um cara legal. Ao contrário da maioria dos protagonistas masculinos, ele é maduro e tem facilidade em perceber os sentimentos dos outros, apesar de costumar das chiliques quando está frustrado.  O Sentaro é um rebelde de bom coração e praticamente o oposto do Kaoru. A Ritsuko tem o papel de amiga de infância super boazinha e que cuida dos protagonistas arruaceiros. Temos ainda a elegante e intensa Yurika e o Junichi, chamado de irmão Jun pelo Sentaro e pela Ritsuko. Eu não gostei muito dele porque ele é feito para ser tão cool que estraga a meu ver.

Este anime é sobre amizade e como os dois protagonistas conseguem se conectar através da música e como isso muda a vida deles. E não, não tem nada gay, apesar de ter certos momentos estranhos. Mas são estranhos tipo o "Sou eu, seu Sam." de SdA. No fim o problema está mais na nossa cabeça. O anime tem bastante romance e triângulos amorosos, além dos dramas da adolescência.

O legal do anime é que ele não enrola nos relacionamentos. Nada de 30 anos para vermos uma declaração. O ritmo é bom e as coisas se resolvem em 2 ou 3 eps. E isso não fica corrido porque no anime se passam meses, então os desenvolvimentos parecem naturais mesmo que para nós tenha passado pouco tempo. Inclusive isso impressionou muita gente, já que estamos acostumados com a enrolação. O comportamento dos personagens é bem razoável e o anime nunca tenta ser mais dramático do que precisa ser.


O grande defeito e o final. Tem um pulo temporal no último episódio que te dá a impressão que ficou um buraco na história. E ficou, porque o mangá mostra o que acontece nesse meio tempo. Uma pena que eles não tenham tido mais um episódio para adaptar essa parte, o que resolveria o problema.

Apollon é um bom anime. Tecnicamente excelente, com um bom ritmo e ótimos personagens. Recomendado para quem quer ver um anime de cotidiano ou romance. Só não esperem um anime sobre música e/ou jazz. O jazz tem bastante espaço no enredo e existem várias "jam sessions" legais, mas está longe de ser o foco da trama.

Avaliação: Recomendado

O Manga:


O pulo temporal me fez ler o mangá. O anime segue o original bem de perto, com apenas uma mudança importante, mas que não influencia muito no roteiro. Fora isso, o mangá detalha mais algumas coisas, como, por exemplo, o modo com o qual o Sentaro aprendeu a tocar bateria, que acaba explicando o que acontece no bar. O enredo do Junichi também é muito mais bem explicado e eu cheguei a simpatizar com ele depois de ler o mangá.

Mas o mais importante é mostrar o que acontece durante o pulo temporal, acontecimentos que desenvolvem  bastante o Kaoru. O final também é mais longo e detalhado, deixando menos coisas no ar e apagando a coincidência inacreditável que existe no fim do anime, já que no mangá o acontecimento é premeditado.


A arte da autora é boa, especialmente em se tratando de um josei. Os cenários são simples, mas competentes e o design de personagens é o mesmo do qual o anime se apropriou.

Para quem não viu o anime, é uma boa pedida. Quem viu o anime deve ler pelo menos o último volume para ver como o anime deveria ter acabado.

Avaliação: Recomendado.

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